UM POUCO DE BELCHIOR

QUEM LEMBRA: EU SOU APENAS UM RAPAZ LATINO AMERICANO. BELCHIOR é um cantor e compositor brasileiro. Foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional, em meados da década de 1970. De 1965 a 1970 apresentou-se em festivais de música no Nordeste. Em 1971, quando se mudou para o Rio de Janeiro, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção Na Hora do Almoço, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles, com a qual estreou como cantor em disco, um compacto da etiqueta Copacabana. Em São Paulo, para onde se mudou, compôs canções para alguns filmes de curta metragem, continuando a trabalhar individualmente e às vezes com o grupo do Ceará. Em 1972 Elis Regina gravou sua composição Mucuripe (com Fagner). Atuando em escolas, teatros, hospitais, penitenciárias, fábricas e televisão, gravou seu primeiro LP em 1974, na gravadora Chantecler. O segundo, Alucinação (Polygram, 1976), consolidou sua carreira, lançando canções de sucesso como Velha roupa colorida, Como nossos pais, que depois foram regravadas por Elis Regina e Apenas um rapaz latino-americano. Outros êxitos incluem Paralelas (lançada por Vanusa) e Galos, noites e quintais (regravada por Jair Rodrigues). Em 1979 no LP Era uma Vez um Homem e Seu Tempo (Warner) gravou Comentário a respeito de John (homenagem a John Lennon), também gravada pela cantora Bianca. Em 1983 fundou sua própria produtora e gravadora, Paraíso Discos, e em 1997 tornou-se sócio do selo Camerati. Sua discografia inclui Um show – dez anos de sucesso (1986, Continental) e Vício elegante (1996, GPA/Velas), com regravações de sucessos de outros compositores. Atualmente o cantor em Porto Alegre **************************Seu terceiro disco, Coração Selvagem, é uma pequena obra-prima. É o ápice do Belchior compositor, filósofo e discreto cronista de um cotidiano cruel, que já se insinuava sobre as pessoas naquele 1977. Sua interpretação da faixa-título é um dos maiores momentos do blues made in Brazil, devidamente temperado por versos matadores como "mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar, que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar" ou "não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que alma deseja, arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo, pois tenho pressa de viver". Jamil Joanes toca baixo e Hélio Delmiro conduz guitarras e violões. O arranjo de cordas de Paralelas, outro sucesso, que já registrado em 1975 por Vanusa, trazia toda a beleza distópica da canção. A letra, igualmente rica, vinha com versos que ganharam fama como "No Corcovado, quem abre os braços sou eu, Copacabana, esta semana, o mar, sou eu, como é perversa a juventude do meu coração, que só entende o que é cruel, o que é paixão". O disco ainda traz outros belos exemplos da poética belchioriana, como "Galos, Noites e Quintais" e a subestimada Populus, assombroso conto sobre a relação entre pobres, ricos, trabalhadores e patrões. Bibliografia CARLOS, Josely Teixeira. Muito além de apenas um rapaz latino-americano vindo do interior: investimentos interdiscursivos das canções de Belchior. 2007. 278 p. Dissertação (Mestrado em Linguística - área de concentração Análise do Discurso) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007. CARLOS, Josely Teixeira. Fosse um Chico, um Gil, um Caetano: uma análise retórico-discursiva das relações polêmicas na construção da identidade do cancionista Belchior. 686 p. Tese (Doutorado em Letras – área de concentração Análise do Discurso) - Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

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